Aos seus aliados, Dino afasta a possibilidade de um novo vai e volta entre a toga e a política. O Ministro da Justiça, que anteriormente atuou como juiz federal e abandonou a magistratura para se candidatar a cargos eletivos, foi indicado por Lula para o Supremo Tribunal Federal na segunda-feira (27). Lula considerava essencial ter alguém com conhecimento político na Corte, e Dino se encaixava nesse perfil.
Esse argumento foi compartilhado com ministros e parlamentares previamente informados da escolha do presidente antes da formalização da indicação na segunda-feira (27).
Dino, por ser um político, enfrenta constantes questionamentos sobre a possibilidade de abandonar a toga para buscar novamente cargos políticos – incluindo a presidência, um sonho do atual Ministro da Justiça e Segurança Pública.
Em conversas com interlocutores, Dino reconhece que sua vida tomou um rumo diferente com a indicação para o STF e assegura que, uma vez no tribunal, não deixará a toga para retornar à política. Entretanto, é lembrado de que já fez essa transição uma vez, quase aos 40 anos, quando deixou a magistratura para entrar na disputa eleitoral. Dino, de maneira descontraída, argumenta que há tempo para tudo, destacando que o que é feito aos 38 anos não é o mesmo aos quase 60, e que o tempo o tornou menos resignado. Assim, no momento atual, afirma que não repetiria esse movimento.
Apesar das garantias de Dino, aliados políticos, setores do PT e até membros do STF ponderam que essa possibilidade não pode ser descartada, dependendo das mudanças políticas, especialmente a partir de 2030, quando a esquerda pode não contar com Lula na disputa presidencial. O desfecho permanece incerto.
Quanto ao Ministério da Justiça, Dino provavelmente continuará no cargo pelo menos até o início de 2024. Mesmo que a indicação para o STF seja aprovada em 3 de dezembro pelo Senado, o ministro argumenta que não haverá tempo suficiente para organizar a cerimônia de posse. Isso proporcionará a Lula mais tempo para anunciar seu sucessor, sendo Simone Tebet, atual ministra do Planejamento, e o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski nomes cogitados. Tebet, porém, condiciona sua aceitação à divisão do ministério entre Justiça e Segurança Pública, algo que Lula rejeita. Lewandowski, atualmente acompanhando Lula em uma viagem à Arábia Saudita, afirma que não foi sondado politicamente, estando lá profissionalmente em uma missão com empresários.